Contexto histórico

Colaboração para Folha Online

Guerra do Vietnã. Flower power. Black power. Eram os anos 70. Nos Estados Unidos, o funk fazia trilha sonora para a rebeldia negra. "Diga isso alto: sou negro e me orgulho", incitava James Brown. "Não me chame de crioulo, branquela", provocava Sly Stone. Hancock não aderiu à contestação, mas aprendeu com eles e com Miles Davis que negros (e jazzistas) também podiam ser ricos e famosos como os popstars brancos.

Ao deixar o quinteto de Miles, ele ficou rico e famoso unindo os improvisos jazzísticos ao ritmo dançante do funk. De forma sutil, valorizou a negritude fazendo referências à África: adotou o nome Swahili Mwandishi; inspirou-se no continente para compor músicas como "You'll Know When You Get There", e gravou um disco com o tocador de kora Foday Musa Suso, de Gâmbia.

Mais tarde, pareceu interessar-se pela política internacional. Em 97, gravou com Wayner Shorter, no CD "1+1", a emblemática "Aung San Suu Kyi". A música não tem letra, mas o título fala por si só: é o nome da maior opositora à ditadura de Myanmar (antiga Birmânia), condenada pelo governo à prisão domiciliar.