Contexto histórico

Colaboração para Folha Online

Nos anos 30, o jazz era a melhor diversão, música para dançar. O bebop o intelectualizou, almejando convertê-lo em forma de arte. Coltrane levou-o a um novo patamar, adotando uma atitude espiritualista perante a música.

Ele "escreveu" seu próprio livro sagrado, o LP "A Love Supreme", de 64, que dedicou a Deus. Os quatro temas do disco sucedem-se como uma oração sem palavras (com exceção da frase mântrica que dá nome a ele), capaz de comover o jazzófilo mais ateu.

Apesar de manifestar interesse pela cultura hindu, ele parecia não se vincular a uma religião específica. Sua crença era de que todas as pessoas deveriam se esforçar em prol de um mundo melhor, e que a música poderia ser um veículo para transmitir pensamentos positivos.

A "pregação" de Coltrane foi bem sucedida. Seus mais fiéis seguidores, o saxofonista Pharoah Sanders e a viúva Alice Coltrane, também adotaram uma postura devocional e positiva diante da música e da vida.