Biografia

A esfinge do jazz

HELTON RIBEIRO
Colaboração para Folha Online

Ele já tocou música clássica e africana, funk, rock, hip hop, techno e até disco music. A cada aventura, ganha novos admiradores, enquanto fãs antigos torcem o nariz. Herbie Hancock foi um dos que mais contribuíram para alargar as fronteiras do jazz e confundir os críticos, às voltas com a velha questão: afinal, o que é e o que não é jazz?

Herbert Jeffrey Hancock nasceu em 12 de abril de 1940 em Chicago. Ele foi um menino-prodígio do piano clássico, tocando Mozart em um concerto com a Sinfônica de Chicago, com apenas 11 anos. Pouco depois se iniciou no jazz. Aos 20, morando em Nova York, ingressou na banda do trompetista Donald Byrd.

Seu primeiro LP, "Takin' Off", lançado em 63 pela conceituada Blue Note, já trazia um de seus maiores clássicos, 'Watermelon Man', que estourou tanto nas rádios de jazz como nas de rhythm & blues. O atento Miles Davis logo o chamou para integrar seu mitológico quinteto com Wayne Shorter, Ron Carter e Tony Williams, um dos mais famosos nos anos 60.

Depois de cinco anos com Miles, ao lado de quem lançou as sementes do jazz-rock fusion, mergulhou no funk-jazz eletrônico com sua nova banda, The Headhunters. O LP "Head Hunters", de 73, foi um dos mais vendidos na história do jazz. Ele continha outro de seus maiores sucessos, "Chameleon". A partir daí, Hancock tornou-se um popstar, tocando para multidões e chegando a emplacar quatro discos na parada pop ao mesmo tempo.

Inquieto, voltou ao jazz acústico com o V.S.O.P., reencontro do quinteto de Miles, tendo Freddie Hubbard no trompete. Essa alternância entre o jazz mais tradicional e a experimentação prossegue até hoje. Ele grava com astros pop como Sting, Santana e Christina Aguilera, e em seguida com jazzistas como Wynton Marsalis e Wayne Shorter.