Biografia

Um militante da revolução permanente

HELTON RIBEIRO
Colaboração para Folha Online

Miles foi um dos maiores e mais polêmicos gênios do jazz. Do bebop ao hip hop, passando pelo rock e o funk, ele ousou de tudo. Suas atitudes pessoais eram igualmente provocativas: ostentava riqueza, desafiava o público e se indispunha com a polícia.

Miles Dewey Davis Jr. nasceu no dia 25 (ou 26, os pesquisadores divergem) de maio de 1926 em Alton, Illinois. Começou a tocar trompete aos 13 anos. Com 19, em Nova York, participou da revolução do bebop no grupo de Charlie Parker. Tirando partido de seu estilo mais lírico, que contrastava com a velocidade do bop, produziu a primeira ruptura em 50, com o LP "Birth of the Cool", considerado o marco inicial do cool jazz.

Depois de uma histórica sessão com Thelonious Monk em 54, ele formou com John Coltrane, em 55, um quinteto que foi comparado em importância ao Hot Five de Louis Armstrong. Em 59 veio "Kind of Blue", com outra guinada: o jazz modal, que baseava os improvisos em escalas, em vez de acordes. No mesmo ano, Miles foi espancado por um policial e acusado de tê-lo agredido, sendo absolvido em julgamento.

Em "Sketches of Spain", de 60, ele enveredou pela música espanhola. O eletrificado "Bitches Brew", de 69, foi a pedra fundamental do jazz fusion. A partir daí, Miles tornou-se um astro pop, afastando-se do jazz ortodoxo.

Após um acidente automobilístico que esmagou suas pernas em 72, e corroído pela heroína, ele se retirou de cena até 81. Voltou explorando ritmos mais modernos: funk, dance music, eletrônica e hip hop. Em 28 de setembro de 91 ele morreu em Santa Monica, Califórnia, de ataque cardíaco provocado por pneumonia e problemas respiratórios.