Contexto histórico

Colaboração para Folha Online

O bebop expandiu os horizontes da música, desafiando os limites harmônicos e rítmicos do jazz feito até o começo dos anos 40. Mas mesmo esse estilo revolucionário teve dificuldade para lidar com a (aparentemente) estranha linguagem de Monk. Seu comportamento contribuía para a imagem de que não passava de um maluco: era lacônico, recluso e usava os chapéus mais bizarros que conseguia encontrar.

O público, mais ainda, custou a digerir sua música. Em 55, a gravadora Prestige chegou a vender seu passe, insatisfeita com a baixa vendagem de obras-primas como "Blue Monk" e "Thelonious Monk/Sonny Rollins".

Na verdade, os boppers achavam que todos os pianistas deviam copiar Bud Powell, que tinha adaptado para o instrumento as velozes acrobacias de Gillespie e Parker. Monk preferia continuar experimentando em direção ao futuro, dentro da nova linguagem, mas sem renegar a tradição do blues, do stride (de onde tirou os blocos de acordes) e do swing. Firmou um estilo tão original que, embora seja hoje referência para todos os pianistas de jazz, ninguém consegue recriá-lo.