Contexto histórico

Colaboração para Folha Online

A maneira de se tocar jazz, por mais de 50 anos, obedeceu a normas que sucessivas vertentes como o swing, o bebop e o cool não questionaram. A música transcorria de maneira lógica, com a exposição do tema (melodia) pelo grupo; a improvisação (solos) com base nos acordes da melodia, e o retorno ao tema. Todas as inovações se deram dentro desses parâmetros.

O free jazz, capitaneado por Ornette Coleman (e que teve outros nomes de destaque como John Coltrane, Cecil Taylor, Eric Dolphy, Art Ensemble of Chicago e vários seguidores de Coltrane), veio romper com essas amarras. Os músicos passaram a improvisar livremente, sem necessariamente se ater à melodia. Mais ainda, cada um podia seguir suas próprias idéias, dialogando com os colegas, em vez de obedecer a uma estrutura pré-determinada.

Assim, foi quebrada a hierarquia segundo a qual instrumentos como contrabaixo e bateria deveriam manter o ritmo enquanto sax e trompete, por exemplo, faziam os solos. A improvisação coletiva chegou ao ápice nos "duplos quartetos" que tocavam ao mesmo tempo, cada um de forma diferente.